OS ANJOS DA MEIA-NOITE - Castro Alves 7a. SOMBRA

DULCE

Se houvesse ainda talismã bendito
Que desse ao pântano — a corrente pura,
Musgo — ao rochedo, festa — à sepultura,
Das águias negras — harmonia ao grito...

Se alguém pudesse ao infeliz precito
Dar lugar no banquete da ventura...
E trocar-lhe o velar da insônia escura
No poema dos beijos — infinito...

Certo... serias tu, donzela casta,
Quem me tomasse em meio do Calvário
A cruz de angústia, que o meu ser arrasta! ...

Mas se tudo recusa-me o fadário,
Na hora de expirar, ó Dulce, basta
Morrer beijando a cruz de teu rosário! ...